Reportagem televisiva. Entrevistas de rua à chegada da selecção ao Luxemburgo. Entre algumas dezenas de pessoas, um indivíduo, o único PALOP assim mais pardo na pequena turba de entusiastas, sorridente por ter sido positivamente discriminado e estar a falar para uma câmara de TV, diz qualquer coisa como: “Gosto da equipa de Portugal. Eu sou guineense, mas vim aqui apoiar Portugal.” O jornalista, naquele tom de voz absurdamente paternalista, como aliás é habitual na maior parte das entrevistas de rua, atira: “Ah, não veio aqui agoirar Portugal para Angola ganhar no Mundial…”. O indivíduo pardo d'ainda agorinha mesmo resiste: “Eu sou guineense… pois, e vim aqui ver Portugal…”.
Entrevistar emigrantes chega a ser uma arte. E não é Noé Monteiro quem quer. É Noé Monteiro quem pode.
Entrevistar emigrantes chega a ser uma arte. E não é Noé Monteiro quem quer. É Noé Monteiro quem pode.