Melhor filme: Crash. A grande - maior que o vestido da Queen Latifah - surpresa da noite foi mesmo o Crash. Nunca, em toda a história da humanidade, se pôs a hipótese de um filme com o Tony Danza ganhar o Óscar mais importante da academia. Dizem as más-línguas que os cowboys do Brokeback não se poderiam levantar para ir ao palco, e, vai daí, a academia decidiu passar o Óscar para o seu segundo favorito.
Melhor música: “It’s hard out here for a pimp”. Uma música mais que sofrível mas que prova que o medo de ser assaltado no beberete pós-festa pelo grupo que a cantava pode mesmo influenciar muitas cabeças. Outro dos artistas nomeados, Dolly Parton, também optou pela táctica do medo, mas, apesar da actuação fantasmagórica, acabou mesmo por perder. Todos percebemos que o que a Dolly sempre poupou em implantes mamários, lá foi gastando em plásticas que, basicamente, a tornaram em algo que se assemelha a um boneco de ventríloquo. Mas com umas mamas descomunais.
Melhor Guarda-Roupa: Ganhou o “Memórias de uma gueixa”. Mas isso pouco importa. Este Óscar é gay. Este e o da maquilhagem. Ganhar um destes Óscares é como receber um prémio por ter os pompons mais giros lá da tropa. Ninguém quer isto para nada.
Melhor actriz e melhor actriz secundária: Não foi um ano particularmente famoso, mas três. Sem fazer grandes fretes, dormiria com três nomeadas para actriz principal e três nomeadas para actriz secundária. Acho que nunca me tinha acontecido um empate.
Melhor actor: Já há uns tempos que não ganhava um gordo e, este ano, o Seymour Hoffman acabou mesmo por sair vencedor. Este facto foi particularmente lixado para os cowboys do Brokeback Mountain. Afinal, para ganhar um Óscar, não é preciso andar a acariciar homens, quando, ainda por cima, se tinham mil hipóteses de escape sexual a pastar ali mesmo à mão. Para ganhar o Óscar, bastava simplesmente falar fininho. É viver e aprender, rapazes.
Melhor argumento original: Foi pena não ter ganho o Match Point. Esfumaram-se as hipóteses de vermos a Scarlett Johansson em toda a sua jovial volúpia. Para quem não a viu nos Globos d’Ouro, ficam apenas a saber que a moça deu um novo sentido ao título desses, também eles prestigiados, prémios. Dois Globos d’Ouro já ninguém lhe tira. Quer dizer, só tiver um acidente ou assim.
Outras considerações: Chego da latrina e Lauren Bacall apresentava não sei o quê. Incrível como, cada vez mais, a senhora não precisará de qualquer tipo de maquilhagem num novo remake do Planeta dos Macacos. O vestido da Charlize Theron tinha um atavio qualquer no ombro que quase nos conseguia desviar o olhar do seu módico, mas extremamente simpático, peito. Quase. Ainda assim, o ornamento era francamente distractivo. Graças a Deus que, pouco depois, chegou a Salma Hayek para nos voltarmos a focar no que realmente interessa nesta vida. O Jack Nicholson continua a viver na primeira fila do Kodak Center e a cabeça do John Travolta está quase maior que o buraco onde está a sua carreira. Já agora, deviam ter tirado os Óscares àqueles gajos que levaram uns pinguins de peluche para o palco. Devem pensar que, como ganharam, já não vão parecer ridículos com aquilo no beberete e no táxi para casa. Podem-se juntar àquele casal salada de frutas que até tinham uns lacinhos para os seus Óscares. A mulher do Ang Lee, se tivesse um smoking, podia ter ido receber o óscar por ele e ninguém perceberia. A transmissão da TVI foi, como de costume, o melhor da noite. Sempre que não estavam a falar, os dois rapazes encarregues dos comentários estavam a mexer em papéis de uma forma hiperactiva. E nem se ouvia nem nada. E aquele sussurrar do nome do George Clooney no pequeno silêncio que medeia a expressão “and the Oscar goes to…” e o momento em que se anuncia o vencedor? Nunca tinha ouvido alguém sussurrar o nome do George Clooney. Nem sei o que pense acerca disso. Referência final para o “In Memoriam”, a homenagem a todo o pessoal dos filmes que já não está entre nós. Morreu o Mr. Miyagi do “Karate Kid”. Bem, então, à partida, estamos safos de mais uma sequela daquilo. Mas é melhor não festejar já. Que nisto do cinema nunca se sabe.
said...
Só faltou uma palavrinha sobre o Jon Stewart. Que tal te pareceu?
J. Salinas said...
Gostei do Jon, excelentíssimo “único êxito do talentoso Baltimora”. Não esteve brilhante, mas esteve bastante bem.
Fiquei é com a impressão que não deve lá voltar para o ano. Parece que houve muita gente que não gostou… deve ser o lobby da Whoopie Goldberg a funcionar.
said...
Também não foram feitas referências ao desfile na passadeira vermelha e aos trajes ostentados na mesma.
Este blog já não é o que era! Falei com um outro leitor e ele disse-me exactamente o mesmo.
said...
Lamento informar, mas Capote era gay, sim, gay é fixe.
Para o ano vou fazer um filme biográfico do José C. Branco, agora tenho é de escolher o actor para fazer o papel dele e ganhar um óscar, quem será?
J. Salinas said...
Eu também lamento informar, mas ninguém disse que o Capote não era gay. Só se disse que ao Seymour Hoffman bastou falar fininho e não foi preciso andar a acariciar homens.