“Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha” e “A montanha pariu um rato”
Partindo destes dois célebres dizeres populares, qualquer pessoa que saiba somar dois com dois, estruturará uma única conclusão: Maomé pratica o coito com montanhas. Parece preferir que as montanhas “lhe venham”, mas também não lhe parece fazer grande frete ser ele “a ir”. No seguimento desta dinâmica, Maomé pode ainda muito bem ser pai de um rato.
Estas duas sentenças populares, e embora a segunda adquira um sentido bastante específico quando sequenciada com a primeira, existem em Portugal desde que me lembro. À partida, parecem-me ser coisa para ofender bem mais que uns desenhos quixotescos. Estes dois provérbios dizem que Maomé é um indefectível “montanha lover”, entidade da qual desconhecemos o género, e que salta de uma posição passiva para uma activa como se a transição em causa fosse, antes de mais, um estilo de vida, aquilo que o define em primeira instância. Como se não bastasse, ainda dizem, ou dão a entender, que Maomé, através da sua semente do amor, gera ratos. Está certo que podem ser ratos ilustres, como o Mickey, o Topo Gigio, o Jerry, o Itchy ou o Speedy Gonzales, mas não deixam de ser o que são. Ratos.
Sorte nossa é que os países muçulmanos não se aperceberam de tamanha afronta e viraram toda a sua raiva acumulada para a Dinamarca, os dinamarqueses e os seus produtos. Tivessem eles, muçulmanada, percebido que, cá por Portugal, há séculos que se associa Maomé a práticas sexuais muito bizarras e ao obscuro acto de ajudar a gerar ratos, e tínhamos o caldo entornado. Logo para começar, lá se iam as vendas de produtos genuinamente portugueses, como os UMM’s, as rolhas e aventais do galo de Barcelos, em países maometanos.
O ideal, quer-me parecer, e para toda a humanidade, seria o Islão elevar os níveis de sensibilidade para com o seu profeta ao extremo. Aliás, ainda mais ao extremo. Se são tão picuinhas com as questões relativas ao senhor Maomé, devem saber que o seu nome completo era Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Hachim Bin Abd Manaf Bin Kussay. Tratá-lo apenas por Maomé parece-me de um derradeiro mau gosto e, bem vistas as coisas, uma provocação infame e blasfémica. Ora bem, então, é de todo compreensível que, todos sem excepção, quando tenham que se referir ao inventor do islamismo, o façam proferindo o nome completo do profeta. Sim, porque não é “o Maomé, o filho da Amina”. Nenhum de nós andou com o Maomé na escola, nem nenhum de nós trocou comentários com a Amina sobre o tempo ou sobre o genro da Alzira que parece que anda metido na droga e a arrumar camelos perto de um oásis. Por isso, se é para ter respeito, vamos lá a tratar o senhor, todos nós e sempre, por Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Hachim Bin Abd Manaf Bin Kussay. Quero ver, umas vez instituída esta regra, se mais algum muçulmano se vai queixar de algum acto injurioso. Uma situação em que qualquer muçulmano, por qualquer motivo, quisesse mostrar a sua indignação perante uma ofensa a Maomé desenvolver-se-ia, inevitavelmente, mais ou menos assim:
“Seus infiéis bastardos animais! Como ousam desrespeitar o nosso Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Ha… ah, foda-se para este nome impossível! Deixem lá estar essa porra… desta passa! Vou mas é fumar ópio e fazer derrapagens com as minhas sandálias para levantar uma poeira descomunal.”