No rescaldo de outras eleições, mais que manifestar tristezas ou alegrias desmesuradas (como se a política fosse futebol, por Deus!, e tivesse alguma influência na vida de alguém) por quem, respectivamente, perdeu e ganhou, importa relembrar quem já não nos acompanhou neste escrutínio. Nas Legislativas de 2002, a grande notícia, a milhas de distância da eleição de Durão Barroso e respectiva armada insensível, foi o resultado eleitoral de um pequeno partido que respondia pelo nome de “Partido da Solidariedade Nacional”. O PSN foi, tal como os Ace of Base, criado no início da década de 90, e, apercebendo-se da oportunidade de ouro que o progressivo envelhecimento do país representa, centrou toda a sua retórica em apelos ao pessoal das reformas. Apelar aos aposentados, ao pessoal do “como é que eu vivo com 200 euros de pensão?”, é um risco. Apesar do universo massivo, é pessoal que já ouve cantigas de muitos outros partidos. Além disso, é pessoal para se esquecer em quem quer votar e a quem, muitas vezes, nem a pequena cábula escrita na mão esclarece por aí além.
Ainda assim, o PSN lá estava, em 2002, nas urnas. “Na eterna luta política”, diria um ofegante Manuel Alegre, com aquele tom de voz de declamação incessante e forte sentimento. Como quando foi para ler aquele poema do Figo, que tantos votos lhe custou ontem. E o PSN, à altura, apresentava-se na frente de batalha com sete nomes, cinco candidatos efectivos e dois estóicos suplentes. E, levando o conceito de representatividade para níveis nunca antes imaginados numa democracia a sério, o partido alcança sete votos. Sete é exactamente o resultado da soma de cinco com dois. De, sei lá, assim de repente, cinco efectivos e dois suplentes.
Já é chato quando, numa eleição para Associação de Estudantes ou para o delegado de turma, se percebe que fomos os únicos a votar em nós próprios. E, palavra de honra, não me lembro, nem nunca me contaram, que tal alguma tenha vez acontecido. Também por isso, urge inventar um conceito que classifique na perfeição a situação daqueles sete indivíduos, incapazes de agregar a simpatia da família ou dos amigos junto do seu PSN, ou, por outro lado, perseguidos pelo azar de nem uma pobre alma se ter enganado a seu favor. Ontem, enquanto apanhava uns bocados do discurso do Cavaco, estava rodeado de indivíduos que, perante a quantidade de primeiras pessoas do plural que o autómato natural de Boliqueime entoou, lá iam dizendo “Nós o caralho! Presidente és tu! Desenmerda-te!”. Quase indiferente à extraordinária interactividade que o discurso cavaquista ia granjeando, a verdade é que, enquanto pensava em angustiantes formas de torturar o gajo que inventou o slogan “Soares é fixe!”, lembrei-me foi deles.
Deles, do PSN. Melhor, mais que da entidade PSN, foi deles, dos sete candidatos que valeram sete votos. Que é feito deles? Do Josué Pedro, da Teresa Rocha, do Fernando Pinto, do Miguel Rodrigues e da Rosária Ventura, mas também dos suplentes, o Carlos Pedro e o João Pedro?
Ainda assim, o PSN lá estava, em 2002, nas urnas. “Na eterna luta política”, diria um ofegante Manuel Alegre, com aquele tom de voz de declamação incessante e forte sentimento. Como quando foi para ler aquele poema do Figo, que tantos votos lhe custou ontem. E o PSN, à altura, apresentava-se na frente de batalha com sete nomes, cinco candidatos efectivos e dois estóicos suplentes. E, levando o conceito de representatividade para níveis nunca antes imaginados numa democracia a sério, o partido alcança sete votos. Sete é exactamente o resultado da soma de cinco com dois. De, sei lá, assim de repente, cinco efectivos e dois suplentes.
Já é chato quando, numa eleição para Associação de Estudantes ou para o delegado de turma, se percebe que fomos os únicos a votar em nós próprios. E, palavra de honra, não me lembro, nem nunca me contaram, que tal alguma tenha vez acontecido. Também por isso, urge inventar um conceito que classifique na perfeição a situação daqueles sete indivíduos, incapazes de agregar a simpatia da família ou dos amigos junto do seu PSN, ou, por outro lado, perseguidos pelo azar de nem uma pobre alma se ter enganado a seu favor. Ontem, enquanto apanhava uns bocados do discurso do Cavaco, estava rodeado de indivíduos que, perante a quantidade de primeiras pessoas do plural que o autómato natural de Boliqueime entoou, lá iam dizendo “Nós o caralho! Presidente és tu! Desenmerda-te!”. Quase indiferente à extraordinária interactividade que o discurso cavaquista ia granjeando, a verdade é que, enquanto pensava em angustiantes formas de torturar o gajo que inventou o slogan “Soares é fixe!”, lembrei-me foi deles.
Deles, do PSN. Melhor, mais que da entidade PSN, foi deles, dos sete candidatos que valeram sete votos. Que é feito deles? Do Josué Pedro, da Teresa Rocha, do Fernando Pinto, do Miguel Rodrigues e da Rosária Ventura, mas também dos suplentes, o Carlos Pedro e o João Pedro?
said...
A idade avançada do seu eleitorado, e o tempo que demora uma campanha eleitoral,foram factores que contibuiram para esse mítico resultado do PSN. Entre os que se esqueçeram em quem votar, os que se esqueçeram de ir vorar e os que não selembram o que significa a palavra votar, houve ainda os que morreram antes de o poder fazer.
J. Salinas said...
Também houve uns poucos que meteram o cartão de eleitor na urna em vez do voto… só aí, segundo consta, o PSN perdeu 32 votos. Assim também é difícil fazer melhor…