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Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

Verdades absolutas sobre basicamente tudo.
All great truths begin as blasphemies.
Nem mais. Porra. 

14 de janeiro de 2007

Aquilo do Português de Sempre




E diz que é já hoje que se ficam a conhecer os dez finalistas desse animado certame que é a eleição d’O Maior Português de Sempre. Maior ou melhor, sei lá. Por princípio, deve ganhar um indivíduo que já tenha morrido. Quem já morreu sabe sempre mais do quem cá fica. As pinturas valem mais, os livros, os filmes e as cantigas são sempre melhores. É lixado, mas é assim que funciona desde há muito. Por exemplo, se eu fizesse uma directa e escrevesse “Os Lusíadas”, aposto que o maior elogio que me faziam era um “olha, que giro, isto rima sempre linha sim, linha não”. E, no máximo dos máximos, era só isto. Mas se for escrito por um gajo que já morreu, ah, aí já toda a gente diz que é muito bom e que é um marco inigualável na nossa literatura e, óbvia, clara e objectivamente, também na do mundo. Pois bem, Camões, ficas a saber que, independentemente do quão bom, grande ou melhor tenhas sido enquanto português, eu consigo, sem grande esforço de qualquer espécie, encontrar dez coisas em que sou bem melhor que tu. E o mesmo se aplica a todos os nomeados dessa corrida do melhor português de sempre. Ou maior, seja lá o que for. E, portanto, tu, Camões, és garantidamente pior que eu nos seguintes aspectos: jogar à bola; ter um nome mais lixado para se fazerem trocadilhos fáceis com o equivalente carroceiro da palavra testículos; fazer torradas quando a manteiga está mole; acertar as horas do vídeo; fazer contas de mais sem vírgulas; conseguir convencer pessoas que é “Diabo da Tanzânia” que se diz e não “Diabo da Tasmânia”; saber de cor todos os jogos do Sporting desde 89/90 e, sobretudo isso, em que lances fomos roubados; sacar prémios bons em quermesses e nunca peças de cerâmica ou sapatos; transformar, com uma celeridade absurda para um ser humano, o chefe dos transformers bons em camião e vice-versa; e, finalmente, cheirar, para ver se está estragado, desde que não se trate de produtos lácteos ou pudins. E digo só estas dez coisas, não porque sejam as únicas coisas, mas porque penso ser número suficiente para demonstrar que nada devo ao Camões em termos de tudo. Além de que, a eleger alguém, dificilmente faria recair a minha preferência num gajo que escreveu umas folhas ou, por outra, um fulano que mandou barcos ir ver se havia coisas lá além ao fundo. Eu escolhia alguém que tivesse feito realmente a diferença. Contextualizo a questão. Por exemplo, quando falo com estrangeiros, costumo dizer que são duas as principais características do nosso país. Uma delas é que temos muitas pessoas, quase sempre homens, a quem faltam dedos das mãos. Este aspecto, de natureza fortemente cultural e de acentuado conteúdo antropológico, descende do facto de cá, em Portugal, gostarmos muito de pirotecnia de festas de freguesia em honra de uma santa. Quando o assunto é chegar um isqueiro a uma cana que tem pólvora agarrada, os dedos passam logo para segundo plano. Interessa é ver a cana a voar e a fazer barulho. É uma coisa cá nossa, pronto. Por seu turno, a outra característica, embora sendo mais um feito que propriamente uma característica, atulha-me ainda mais de orgulho. É que foi cá que se juntou o arroz de tomate aos jaquinzinhos e que, com esse gesto à partida tão prosaico e vazio de significado, se criou a maior harmonia que o mundo já conheceu e alguma vez conhecerá. Isto também merece um pequeno apontamento prévio de contextualização. Não sei como é com os comuns mortais, mas comigo a refeição é sobretudo um momento de equidades e harmonias. Não sou lambareiro, pelo menos não no sentido mais desarrazoado do termo. Não se trata disso. Em qualquer altura, troco a lambarice pela harmonia processual. E, por harmonia processual, não me refiro a haute cuisine ou fantochadas dessas que redundam sempre em “eh pá, ainda comia ali uma bifana nas roulottes do Campo Grande”. A questão é que, digamos, num prato de arroz com bife, não quero mais deste último que do primeiro ou o inverso. Quero, isso sim, que cada garfada de arroz leve também um bom naco de bife. Não quero que sobre arroz para comer sem nada. Ou carne, também para comer sem nada. Assim, optimiza-se a harmonia que em princípio o prato possuirá. Com os jaquinzinhos, esta questão da simetria sempre foi ainda mais premente. Porque um jaquinzinho não passa de carapau raquítico e ressequido que, e embora veja o seu nível gastronómico subir a pique se a este cenário adicionarmos a variante molho de escabeche, nunca se apresentou, convenhamos, como algo que, por si só, fosse alguma vez capaz de fazer história ou deixar marcas profundas. É, enfim, bom, mas não deslumbrava. Em situação idêntica tínhamos o arroz de tomate. Bom, claro, mas faltava-lhe algo. E, tenha-se sempre a certeza disto, até porque está muito e bem documentado, é extremamente rara a ocasião em que duas entidades banais ou, com alguma boa vontade, assim-assim ou, se se preferir, porrerinhas ou que até fazem o jeito, se unem para dar origem a uma simbiose que roça a perfeição de tal modo que até deixa ferida. Se levarmos em consideração aquilo que são sozinhos, ou, para o efeito, aquilo que são com outras hipóteses, e contrapusermos esse considerando com aquilo que são em conjunto, está mais que visto que jaquinzinhos com arroz de tomate é seguramente a maior combinação, não só alimentar mas de tudo o que existe, de sempre. Não é que seja o melhor prato de sempre, não é disso que se trata. É, isso sim, a melhor combinação alimentar de sempre. São coisas distintas. Trata-se do emparelhamento que mais benefícios trouxe a todos os envolvidos. Comer uma garfada de arroz de tomate sem um jaquinzinho devia ser pecado. Tal como comer um jaquinzinho sem uma garfada de arroz de tomate. E foi um português que inventou. É por isso que seria sempre ele, ou ela, até porque é de cozinhas que se trata, a receber o meu voto. Também lhe ganho, está claro, num mínimo de dez coisas, mas quem se lembrou de juntar jaquinzinhos ao arroz de tomate joga noutro campeonato, Camões. E tu sabes disso. Comer jaquinzinhos com arroz de tomate banaliza "Os Lusíadas" de tal forma que até parece mal.


Anonymous Anónimo said...

Segundo consta, foi o Chefe Silva que inventou o arroz de tomate com jaquinzinhos quando estava a pensar no que haveria de fazer para o almoço e tinha o rádio e a televisão ligados. No rádio tocaram de seguida as músicas "Branco, velho, tinto e jeropiga ... com peixe frito" do Danny Silva, "Pó-de-Arroz" do Carlos Paião, enquanto que na televisão passava aquele anuncio da polpa de tomate da Guloso, que tinha aquela música orelhuda  


Blogger Netwalker said...

Zé Povinho! é de longe o melhor Português de sempre!  


Anonymous Anónimo said...

Agora que pensei melhor, posso dizer com certeza absoluta que nenhum português é suficientemente bom para ser o melhor/maior português de sempre.  


Blogger J. Salinas said...

Aliás, para ser uma coisa inteiramente justa, devia-se esperar pelo fim de Portugal. Aí sim, quando todos os portugueses tivessem existido, podia-se eleger o melhor, maior ou o raio. Assim é brincar às coisas.  


Blogger Sacrilegius said...

Ao menos és do Sporting.
Vá lá.
Salvou-se qualquer coisa.  


Blogger Nelson said...

quando li "arroz de tomate" pensei contrapor imediatamente "arroz de feijão". Mas depois arrependi-me e ainda bem. O arroz de feijão só combina bem com as pataniscas de bacalhau e insinuar outro acompanhamento para os jaquinzinhos seria uma completa palermice.  


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