Tenho quase a certeza que todos os que são obrigados a utilizar com frequência o Word comungam da minha opinião: aquele clip em cima da folha de papel mete raiva. Antes de mais, de cada vez que eu escrevo alguma coisa numa folha em branco, o clip aparece e diz-me “Parece-me que está a tentar escrever uma carta”. Logo à partida enerva-me que, independentemente do que eu escreva na folha (e com que estrutura o faça), ao iluminado clip lhe pareça sempre que eu estou a tentar escrever uma carta. Depois, eu não sou parvo nenhum. Percebo perfeitamente o tom jocoso com que aquele boneco idiota emprega o verbo “tentar”. Se eu estivesse a escrever uma carta, estava a escrever uma carta! Não estava a TENTAR escrever uma carta! Escrever uma carta não é nenhuma ciência. Tenta-se marcar um canto directo, tenta-se acertar com uma pedra numa pinha à primeira, tenta-se que a pedra que atirámos à água faça ricochete três vezes ou mais, tenta-se encestar uma bola de costas, tenta-se não pisar o animal morto no meio da estrada, tenta-se que as nossas amigas não percebam que estamos constantemente a olhar para as mamas delas! Não se tenta escrever uma carta! Quem quer escrever uma carta, escreve! Não existem tentativas. A não ser que o brilhante clip afinal me queira ajudar com o conteúdo da carta e também dê conselhos amorosos, profissionais ou de etiqueta epistolar.
Mas tudo bem...respondo que não, que não estou a tentar escrever uma carta, e continuo. Mas ele fica ali na mesma. A olhar! De vez em quando olha para o que estou a escrever e volta a olhar para mim. E solta um sorriso do género “é isso o melhor que consegues escrever?”. Com aquele sorriso idiota de clip. E às vezes olha de soslaio para o texto! O que ainda é pior! E tenho quase a certeza que já o vi revirar os olhos! Aquele arzinho de superioridade enerva. E desmotiva um gajo! Logo, não escrevo nada, ou quase nada. E Porquê? Porque o clip está para ali a atrofiar a mente de quem escreve! Eu sei que o posso ocultar, mas não lhe quero dar essa satisfação...Esse é o caminho mais fácil e, dessa maneira, era como se ele ganhasse, percebem?
Sabem aqueles gajos que, quando estão no urinol, demoram uma eternidade para mijar só porque estão mais pessoas no WC? Sofro de uma patologia parecida, só que a escrever e quando está um clip em cima de uma folha de papel a olhar para mim. Já agora, para não parecer que o título é um plágio ao Almada Negreiros, aqui ficam algumas palavras que escrevi sobre o malfadado clip:
Mas tudo bem...respondo que não, que não estou a tentar escrever uma carta, e continuo. Mas ele fica ali na mesma. A olhar! De vez em quando olha para o que estou a escrever e volta a olhar para mim. E solta um sorriso do género “é isso o melhor que consegues escrever?”. Com aquele sorriso idiota de clip. E às vezes olha de soslaio para o texto! O que ainda é pior! E tenho quase a certeza que já o vi revirar os olhos! Aquele arzinho de superioridade enerva. E desmotiva um gajo! Logo, não escrevo nada, ou quase nada. E Porquê? Porque o clip está para ali a atrofiar a mente de quem escreve! Eu sei que o posso ocultar, mas não lhe quero dar essa satisfação...Esse é o caminho mais fácil e, dessa maneira, era como se ele ganhasse, percebem?
Sabem aqueles gajos que, quando estão no urinol, demoram uma eternidade para mijar só porque estão mais pessoas no WC? Sofro de uma patologia parecida, só que a escrever e quando está um clip em cima de uma folha de papel a olhar para mim. Já agora, para não parecer que o título é um plágio ao Almada Negreiros, aqui ficam algumas palavras que escrevi sobre o malfadado clip:
"O clip em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum!
O clip nu é horroroso!
O clip cheira mal da boca!
Morra o clip, morra! - PIM!"