Desde quando é que é suposto agradecer a alguém que acabou de nos insultar? Pelos vistos, e desde que estreou “Um Sonho de Mulher” na SIC, parece-se querer generalizar um conceito inovador na secular interacção “insulto-resposta a insulto”. Na prática, o programa é um novo “Ídolos”, mas agora com gajas que, salvo raras excepções, não se enxergam (se o fizessem, tinham noção do ridículo que é concorrerem a Miss Portugal) , em vez dos cantores que, regra geral, não se ouviam cantar (porque se se ouvissem, sabiam que aquilo podia dar apedrejamento público). O Júri tem tudo para perceber daquilo. Tirando uma das mulheres (que até é bastante aprazível), o dito é composto por pessoas medonhas, ou seja, bastante precisas quando se trata de identificar o mínimo de beleza, uma vez que precisam apenas de procurar o oposto daquilo que elas mesmos são. Mas o que me faz confusão é o facto das concorrentes agradecerem os insultos com que são metralhadas. Reparem como se processa este novo tipo de interacção:
Manuel Serrão (ou o outro gajo que parece o Capitão Roby) – “Ah, quer dizer...és gorda! Precisas de emagrecer pelo menos 18 quilos!”
Candidata (uma gorda que, embora precise de emagrecer 18 quilos, não se devia ficar com comentários desta natureza) “Obrigada.”
Outra gaja do Júri (parecida com a Maria do Céu Guerra, mas com cabelo à Professor Herrero) “Nem te vou dizer nada...sinceramente, nem sei bem o que vieste aqui fazer! Além de gorda, és feia e pareces-me muito convencida.”
Candidata – “Obrigada.”
Os diálogos sucedem-se, mas, a qualquer comentário menos favorável (Tens os joelhos encardidos! Tens a pele estragada! Tens um queixo enorme! És hedionda! Não gosto de ti! És uma pessoa horrível! És nojenta e não mereces nada na vida!), as candidatas reagem sempre da mesma maneira: com um tímido “Obrigada!”. E às vezes sorriem! Depois do filme “Adão e Eva” ter ensinado como se devem processar estas coisas (com o celebérrimo “vai à merda”/”vai tu” de Quim d’Almeida e Maria de Medeiros), eis que aparece um programa de televisão que ameaça colocar todo o sistema em causa.
Manuel Serrão (ou o outro gajo que parece o Capitão Roby) – “Ah, quer dizer...és gorda! Precisas de emagrecer pelo menos 18 quilos!”
Candidata (uma gorda que, embora precise de emagrecer 18 quilos, não se devia ficar com comentários desta natureza) “Obrigada.”
Outra gaja do Júri (parecida com a Maria do Céu Guerra, mas com cabelo à Professor Herrero) “Nem te vou dizer nada...sinceramente, nem sei bem o que vieste aqui fazer! Além de gorda, és feia e pareces-me muito convencida.”
Candidata – “Obrigada.”
Os diálogos sucedem-se, mas, a qualquer comentário menos favorável (Tens os joelhos encardidos! Tens a pele estragada! Tens um queixo enorme! És hedionda! Não gosto de ti! És uma pessoa horrível! És nojenta e não mereces nada na vida!), as candidatas reagem sempre da mesma maneira: com um tímido “Obrigada!”. E às vezes sorriem! Depois do filme “Adão e Eva” ter ensinado como se devem processar estas coisas (com o celebérrimo “vai à merda”/”vai tu” de Quim d’Almeida e Maria de Medeiros), eis que aparece um programa de televisão que ameaça colocar todo o sistema em causa.